
Múltiplos empregos: fim da era de ouro para os devs?
Era uma vez a era dos múltiplos empregos CLTs (ou quase isso)… Se você é dev e passou pela pandemia atuando na área, com certeza viu ou ouviu histórias — ou viveu na pele — de gente que estava com três, quatro, cinco jobs ao mesmo tempo. À primeira vista, parecia o paraíso da liberdade remota: acordava, batia ponto em uma daily, depois entregava um sprint em outro squad, terminava com um deploy discreto no terceiro projeto do dia. Tudo isso, às vezes, sem sair do quarto.
Mas o que parecia o auge da carreira tech, com múltiplos empregos e salários em dólar, acabou virando motivo de estresse, burnout e, mais recentemente, demissão. O que aconteceu com esse cenário? Será que a bolha estourou mesmo?
Índice de Conteúdo:
- Um boom pandêmico: demanda absurda, salários baixos e muita improvisação
- A conta chegou: exaustão, desconfiança e retorno ao presencial
- O mercado mudou, mas os salários ainda não acompanharam
- É o fim da era de ouro ou só um novo ciclo?
- Oportunidade ainda tem, mas agora é para quem está pronto
- E agora, dev?
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Um boom pandêmico: demanda absurda, múltiplos empregos, salários baixos e muita improvisação
Durante a pandemia, empresas do mundo inteiro foram obrigadas a digitalizar seus serviços às pressas. O e-commerce explodiu, apps viraram necessidades básicas e o delivery saiu do lanche e foi para a vida. O resultado? Uma corrida desesperada por profissionais de tecnologia.
Só que, no Brasil, os salários em Reais não acompanharam essa explosão e muitos devs, especialmente os mais experientes ou fluentes em inglês, começaram a mirar no mercado internacional. Ou a aceitar mais de um job remoto simultâneo como forma de compensar a defasagem salarial local.
A internet se encheu de relatos em fóruns e grupos no Discord: “tô em 4 empresas e ganho mais do que qualquer liderança sênior do meu estado”. Portanto, o modelo parecia funcionar, mas tinha um custo.
A conta chegou: exaustão, desconfiança e retorno ao presencial
Manter múltiplos empregos exige muito mais do que domínio técnico. Exige jogo de cintura, gestão de tempo ninja, estratégias para evitar conflitos de horário e, claro, nervos de aço.
Com o tempo, surgiram as primeiras histórias de burnout severo, atrasos em entregas, conflitos éticos e até processos trabalhistas. Ao mesmo tempo, as empresas começaram a perceber que estavam dividindo o mesmo dev com vários outros projetos e pagando caro por uma dedicação parcial.
A resposta foi rápida: aumento da fiscalização, cláusulas de exclusividade mais rígidas e, claro, o movimento de retorno gradual ao modelo presencial ou híbrido, dificultando o “jogo duplo” (ou quíntuplo) que muitos vinham fazendo.
O mercado mudou, mas os salários ainda não acompanharam
A grande verdade é que muitos devs não estavam fazendo isso por ganância, e sim, tentando sobreviver. O salário médio de um desenvolvedor no Brasil continua muito abaixo do praticado em países com alta demanda por mão de obra, como Alemanha, Canadá e Estados Unidos.
Trabalhar para o exterior (ou em múltiplas empresas locais) virou, para muitos, a única saída para viver com dignidade, comprar um carro, pagar um curso ou até investir na própria carreira. Mas, agora, com a volta das empresas ao presencial, esse tipo de arranjo se tornou quase impossível. E a pergunta que paira no ar é: o que fazer agora?
É o fim da era de ouro ou só um novo ciclo?
Muitos influenciadores tech estão tratando esse momento como o fim da “era de ouro” da tecnologia. E, de fato, não estamos mais no auge das vagas remotas, múltiplos empregos e salários em dólar para qualquer júnior com GitHub ativo. Mas isso não significa que acabou.
O que está acontecendo é uma reorganização. Já que as empresas estão mais maduras em relação ao trabalho remoto, e o mercado também está mais exigente quanto à fluência em inglês, soft skills e conhecimento técnico real (não só aquele “copy-paste do Stack Overflow“).
Quem entendeu isso está se posicionando melhor e está investindo em especialização, estudando inglês de verdade, entendendo o que as empresas internacionais esperam e se preparando para pegar as melhores oportunidades que ainda existem.
Oportunidade ainda tem, mas agora é para quem está pronto
O dev quer conseguir se comunicar bem, entender o contexto de negócio, colaborar em time global e mostrar consistência nas entregas, ainda tem lugar garantido no mercado internacional.
Mas para isso, não dá mais para viver no improviso. Tem que dominar mais do que código: tem que saber vender seu trabalho, se posicionar e, principalmente, se comunicar bem em inglês. Não aquele inglês que “dá para entender”, mas o que faz você ser ouvido, respeitado e promovido.
E agora?
Se você é um dos muitos que perdeu uma ou mais vagas nos últimos meses, respira. Não é o fim do mundo, mas talvez seja o começo de um novo ciclo. Em vez de tentar voltar a ter 4 empregos ao mesmo tempo, que tal investir em se preparar para conquistar um que pague bem, respeite seu tempo e reconheça seu valor?
A bolha pode ter estourado, mas ainda tem muito espaço para quem sabe onde quer chegar!